me afoguei

Surpreendi-me inicialmente - seu movimento silencioso ao lado de meu esqueleto desajeitado - na escola não nos ensinam nada sobre o amor e de repente me foi nítido que as equações não me ajudariam em nada no mundo ali fora. O contato de seu corpo no meu me afastou - por mais que o quisesse perto - eu uma pobre criança, que não sabia guardar segredos, não sabia pintar os lábios, sequer possuía bonitas calcinhas - criaturinha termoneutra e sem graça. Encurralou-me contra a parede - dali retirei algo da ciência: o que se seguiu com certeza diriam-me os professores ser apnéia. Prendi a respiração, e não compreendia como um corpo sem oxigênio poderia acelerar tanto um coração. Colou seus lábios no meu e prensou meu corpo contra o próprio um tanto sedento demais - e esta criança sem fôlego, sem jeito, náufraga num mar de sensações no qual em nada conseguiria se apoiar. O que se seguiu foi inspiração intensa - água que adentrou meus pulmões - fogo que queimou meu corpo - e então, a morte surge pouco tempo depois. Me afoguei naqueles braços e assim, desejei nunca mais reviver. Na escola não nos ensinam estas coisas.