escrevo

Escrevo em defesa do silêncio estuprado - proparoxítonas gritadas à esmo - contra a rima de meus lábios cerrados. Escrevo a próprio punho a revolta que queima minha pele e se transfere ao barulho grafitado no papel - aqui nada se apaga, nada se perde, nada se é. Conjugo meus verbos em tempo errado - blasfemo contra o correto. Toda essa gente que me grita regra - à merda - eu escrevo. Eu não falo. Eu não digo. Eu não grito. Minha pausa é ponto final, meu grito exclamado, minhas dúvidas, incertezas - interrogo-me em tantos braços - e findo-me em reticências. Eu escrevo porque não sei compor.