Laranja


Havia algo no pôr do sol que repousava sobre a cidade... minh'alma ficando pra trás no laranja que cobria o lugar onde meu coração havia ficado. Despedi-me de mim sem adeus e sem lágrimas, não era a primeira e nem a última vez, porém a mais triste. Este corpo que a tempo já se habituara a despedaçado ficar espalhado em casas e n'outras estórias agora perdia o próprio coração, como pode ver. Havia o deixado sem notar e assim, partindo sem pretensões de voltar, não pude recuperá-lo. Há talvez algo em mim que o faça de propósito: entrego-me demais. E notando este erro conscientemente não o corrijo. Lido com tudo que me desperta a emoção apenas com o silêncio de um par de olhos baixos e o grito mudo guardado no peito deste coração que me alardeava demais. Sendo assim talvez não o tenha apenas perdido ou esquecido inconscientemente, mas sim, quem sabe, talvez, o abandonado a própria sorte, no relento de algum quintal, ou desprotegido em qualquer par de mãos, para que uma menina, essa menina, possa enfim respirar. 

Eu sinto muito, mas eu sinto demais.