Apolo se apresentara a mim na luz da verdade - trazia em suas mãos a lisergia dos mundos e a depositou em minha língua: o amargor dos tempos em pequena dose de esperança que me despertara. Ascendemos ao Olimpo - morada de seus irmãos - gigantes deuses que assentavam em montanhas sob a crosta terrestre e bebiam vinhos como oceanos e mordiam as carnes como néctares das musas que ali dançavam. Eu miúda e estática frente a sua juventude e graça, a verborragia mandatária de quem me absolvia os pecados ainda não trajados, a língua profética que me ditava o destino finito - as mãos de mil dedos que me elevaram a esse estado de graça e razão, fazendo-me acreditar que ali pertencia... e num sobressalto, dona de mim, silenciei os lábios que verbalizavam a razão dos mundos com os meus: boca de uma mortal filha de homens comuns que nada possuía e ali o vi: num milésimo de segundo, a fragilidade divina num reflexo pupilar desorientado, eu - sua ambrosia terrena, que não traria cura nenhuma, apenas a morte do infinito solitário de quem dá um passo em direção a tornar-se homem repleto de pureza e exorcizado de demônios racionalistas. Meu pequeno poema num relampejo de um olhar e de uma boca que somente comia pão e bebia água.