reboco

Era um muro de reboco, mal-arranjado e displicente que norteava o inicio da minha rua. De longe o via: seus rabiscos coloridos da criançada que ali brincava - um raio de sol, um jogo da velha, diversas flores e borboletas coloridas num jardim infantil de maravilhosos rabiscos tortos. E assim, de longe, sabia que estava em casa. Meu descanso começava nas borboletinhas que insinuavam seu bater de asas - porém fixas no cimento cinza e sonso de um muro de casebre desajeitado, e ainda assim, lar de todos. Até que então, certo dia, achei um pedaço de giz no chão - pontinha de nada - cor de rosa, já toda gasta. Não resisti: gravei meu nome e o teu no muro que me mostrava o fim de meu caminho. E agora amanhecemos e entardecemos entrelaçados num rabisco mal-escrito de um muro que me lembra sempre: todos os dias retorno para casa. E meu descanso é em seus braços.