Espera

A falta que me faz são suas coisas que não estão espalhadas pela minha casa. Seus pelos que não ficaram no meu sabonete. Aquele livro que nunca me emprestou. Minhas pupilas ainda reagem frente ao seu calor, e aquele meu disco de Francisco trava onde seu sangue misturava-se ao meu - coração medroso - que pára, não bate, sangra e se esconde frente a mínima possibilidade de felicidade [ou esquecimento]. A realidade bate a minha porta e avisa - vê este aperto? peito murcha, esvazia-se, tudo acaba. E assim lhe deixa (re)começar. Essa angústia que me causa tudo o que ainda não vivi - a sede do último beijo e o medo do primeiro passo - misturadas a falta que sua ausência deixou. Há café em minha xícara, tristeza em meus olhos, vontade em meus lábios e um sol que nasce - infinito em sua majestade - me relembrando a sorrir pela vida que se curva frente à minhas inverdades e chances desperdiçadas de me refazer destes pedaços que me caem pelo caminho. Trago cicatrizes de uma vida curta que a tudo se entrega e agarro-me ao meu amor por tudo. Porque é apenas isso: eu amo. E por amar, só falo bobagens. E espero sua volta no sofá da sala.