entrei em casa e havia uma carta embaixo da porta que dizia assim:

Meu Amor, te perdi. Não por relutância ou comodismo, mas por não ser permitido a mim mais estar aqui. Ficará o futuro que não chega, os planos que não se concretizam, os filhos que não são gerados. Me perdi. Logo que parti notei o erro que cometia mas não pude voltar atrás. Meu Amor, enxugue as lágrimas. Dias novos virão, amores não tardarão, limpe este rosto, que de tão alvo confundo com o céu, mas ao olhar pros lados vejo que não está aqui. Te perdi. Te imploro perdão. Siga com a sua vida, seja feliz, mas não te esqueças de mim. Te imploro que me guardes na lembrança, de um amor fadado ao vento, ao silêncio de dois corpos, ao sorriso de uma amizade, à um -eu te amo nunca pronunciado, aos sussurros e gemidos que nunca nos deleitamos. Me perdi. Guarde uma fotografia, guarde uma memória, guarde um rabisco qualquer, mas não te esqueças de mim. Pois enquanto me perdia em meus próprios braços e soluços em meu próprio ofegar que notei o quanto sempre te quis.

Meu Amor, te perdi. E não pude achar-te em mim.