não há tranca no meu coração

Nunca achei que camas compartilhadas combinassem com despedidas banhadas em lágrimas, quando tudo o que sempre espero do seu corpo é suor e saliva. E foi assim que te deixei naquela noite de novembro, descansado e fatigado, perdido em um corpo molhado e uma mente adormecida que delirava em lençóis vermelhos amarrotados - lembro de ficar curiosa em saber o que sonhava. Parecia cena de filme barato e clichê, porém com tantos poréns... Eu não era mocinha, e não acreditava em despedidas e juras de amor eterno. Te deixei e fui: sem sussurros em seus ouvidos adormecidos, sem expectativas irreais, sem futuro, somente com a lembrança de uma pele macia e um par de olhos que tudo me falavam. E notei naquele momento que nunca ninguém, jamais, havia sido amado tanto assim. Saí sem bater a porta, a deixei entreaberta, pra um filete de saudade entrar e banhar seu corpo de sol e te lembrar sempre que a qualquer momento eu posso voltar.