Ela estava sentada na varanda - cadeira de fio e sol poente - e se banhava, tal qual seu cão, no calor morno e gentil que se despedia do dia. E ali, pareceu por um segundo, que sua tristeza de tão grande não lhe caberia no peito e como um câncer tomaria seu corpo. Notou que olhava para a porta - ansiosa e à procura - de alguém que saísse por ali, adentrasse aquela mesma varanda e visse seu sofrimento, compadece-se de sua alma e zelasse por seu coração. E viu então, com o corpo em brasa, num relance de lucidez, que pior que ser só é a solidão. Levantou-se e entrou na casa, pela mesma porta que esperava que alguém saísse, porque percebeu. Ela viu. Que a vida, em sua maioria, não é buscada do lado de fora. Nós a encontramos do lado de dentro, em nós mesmos. Não há tempo a perder.