caminhei vinte anos para chegar aqui

Um dia você irá se machucar, e entenderá, entenderá todas as coisas.

Pequena, descobri que há um lugar, there's a place.

treino meu inglês barato com você da mesma forma que finjo não me importar com o que foi dito e desdito 

and I care

Mas há um lugar, desses que você não pisa - mas de repente se encontra - onde não há dor. 

E não há dor, baby.

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E de passar por tantos lugares já vivi tanta vida e de vidas tão tristes as confundi com a minha.

Porque a dor é tão bonita, tão cuidadosa e zelosa, a dor é um capricho tão vivido...

Ninguém partirá seu coração e passará desapercebido, meu amor.

E você ouvirá uma estória, de uma vida caminhada como a sua. E ouvirá de uma pessoa um conto de um caminho pedregoso como o seu, e aprenderá que os ombros são mesmo a parte mais importante do corpo, porque carregam toda sua procura sobre eles.


E nesse lugar, meu bem, não há dor. 

sobre pipas e papagaios

A gente era pequenininho, corria lá pra praça e ficava olhando aquela molecada soltar pipa. Cada pipa, cada papagaio! E era só flechada... Ficava morrendo de vontade! A minha mãe não tinha dinheiro pra pipa... Lembro que uma vez pensei até em cortar a linha de um coleguinha lá... Daí correria e catava ela pra mim. Mas essas coisas não eram do meu feitio. Daí o Paulinho teve a ideia de amarrar uma linha numa sacolinha de plástico. Aquela de supermercado mesmo, sabe? Ficou um tempão tentando voar com aquilo. Eu amarrei na minha também, sacolinha amarela, mas era pesada demais. Lembro que começou uma ventania danada quando a sacolinha do Paulinho subiu lá no céu. Meu olho encheu d'água. Mas não chorei. Menino não chora.