crise simulada

Respeitável, público!
Na estréia de hoje convido você - senhora, e você - pimpolho, a experimentar o recomeço de uma nova era! Pois veja, meu caro, que nada é passível de ser novo sem já ter existido antes. Que nenhum sonho é sonhado apenas uma vez e - até hoje - esta humilde que vos fala nunca viu fé que não foi outrora questionada.
Que maravilhosa juventude!
Reinventa-se nos velhos hábitos já gastados por seus avós e permite-se a deliciosa chegada dos mesmos erros já vividos por seus pais. Nascem e morrem na deliciosa alvorada do antigo - e que gozo!
Agora entenda que o ritual antecedente ao advento deste mausoléu inveterado sempre é carregado de promessas de grandes alvoradas, nascimentos e assim - vida! - pois tudo o que é novo é supostamente belo, e na procura de desfazermos do que já existe apenas trocamos aquela roupa de linhas simétricas por algo como o boleado das curvas que gera o prazer inocente do "novo". Ai, o assimétrico!
E como no "antes", este "novo" que ressurge e suas incoerências obsoletas refletem nosso mais belo espírito de ferramenta institucionalizada por - quem? sei lá. Mas nunca fui eu toda essa demolição de mim mesma - para, no fim, voltar a ser o que era.